Autores do Modernismo - 1ª fase I
25 de setembro de 2011 by Natassia in Assuntos: , , , , , , ,

1. Mário de Andrade (Mário Raul de Moraes Andrade)(1893-1945)


Nasceu em São Paulo, estudou no tradicional Colégio do Carmo. Estudou música e mais tarde lecionou no Conservatório Musical de São Paulo.
Em 1992 participa ativamente da Semana de Arte Moderna, da qual é um dos líderes, tornando-se uma personalidade respeitada nos meios intelectuais.
Pesquisador de nossa cultura, de nosso folclore, poeta, contista, ensaista, crítico, Professor de História da Música do Conservatório Dramático e Musical de São Paulo. Escreveu sobre literatura, música, pintura, desenho, escultura, folclore. Autor do Desvairismo
Em 1924 vai às cidades históricas de Minas Gerais: Ouro Preto, Mariana, Sabará, tomando contato direto com a obra de Aleijadinho. Em 1935, convidado por Paulo Duarte, organiza o Departamento Municipal de Cultura de São Paulo, atrvés do qual criou a Discoteca Pública de São Paulo.
Em 1938 transfere-se para o Rio de Janeiro, onde leciona Filosofia e História da Arte na Universidade do Distrito Federal. Em 1940 volta a residir em São Paulo, trabalhando no Serviço do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional.
Escrevia simultaneamente artigos críticos, participava de rodas e discussões literárias, freqüentava os famosos chás da Confeitaria Vienense, palco de famosas discussões sobre a arte moderna.
Seu nome fica conhecido a partir da Semana de Arte Moderna, onde, além de provocar admiração pela inteligência e cultura, fica conhecido pelos versos insolentes. Destaca-se pela liberdade (sinônimo de criatividade literária) com que escreve, revelada pelos versos soltos, pelo neologismo, pelo uso de expressões de linguagem oral, pelo desrespeito a conceitos antigos e, principalmente, pelos assuntos e temas que disputam seu interesse.
Considerado o lider da Semana de Arte Moderno, Mário era um pesquisador de nossa cultura. Por essa razão, além de poeta, contista, ensaísta crítico, escreveu sobre nossa música, pintura, desenho, escultura, folclore, o que demonstra seu interesse pelo que é nacional e genuíno. Esse interesse pelo que é nacional lhe propicia uma criatividade bastante ampla, imprimindo ao Modernismo uma das características mais importantes para a nova geração: o abandono da imitação estrangeira, o reconhecimento do valor de nossas produções. Além de uma atitude estética e cultural, esta é, principalmente, uma atitude política, que implica o reconhecimento do que acontece lá fora, sem negar o que se produz no Brasil.
A primeira obra de Mário de Andrade - Há uma Gota de Sangue em Cada Poema -, inspirada pela I Guerra Mundial, revela um poeta sensível aos acontecimentos sociais. Mas é com Paulicéia Desvairada (1922) que sua poesia é definitivamente reconhecida como modernista. Bandeira do Movimento, a obra expressa a postura de poeta participante e de vanguarda e Mário reafirma sua condição de "papa do Modernismo".
No "Prefácio Interessantíssimo" ele teoriza sobre as técnicas da arte contemporânea. Além de ser o primeiro texto teórico sobre o tema, escrito no Brasil, tem o valor de manifestar a visão pessoal de Mário de Andrade, acerca do Modernismo e da própria obra. Apesar de identificado com o Futurismo, a posição de Mário de Andrade não é a de acabar com o que pertence ao passado como propunha Marinetti.
Em sua obra poética percebe-se o amadurecimento do poeta através das imagens e associações cada vez mais voltadas para o cotidiano. Sua poesia ganha rumos sociais ora mais agressivos, ora mais sutis, sem deixar de lado o lirismo de caráter individual.
A Tudo que fez somou a seriedade típica do pesquisador, o humor, a imagem criativa, a ironia e, não raras vezes, a insolência do artista que vê na sua obra o peso da função social.
Faleceu de repente, Em São Paulo, na Rua Lopes Trovão, em 25 de fevereiro de 1945.

Obras:

Poesia
Há uma Gota de Sangue em Cada Poema (1917) - poesias (seu livro de estréia)
Paulicéia Desvairada (1922) - poesias
Losango Cáqui (1926) - poesias
Clã do Jabuti (1927) - poesias
Remate de Males (1930) - poesias
Poesias (1941) - poesias
Lira Paulistana (1945) - poesias

Prosa e outros
Primeiro Andar (1926) - contos
Belazarte (1934) - contos
Amar, Verbo Intransitivo (1927) - romance
Macunaíma (escrito em 1926 e publicado em 1928) - rapsódia
Aspectos da Literatura Brasileira (1943) - crítica literária
O Empalhador de Passarinhos (1944) - crítica literária
Os Filhos da Candinha (1943) - crônicas



2. Oswald de Andrade (José Oswald de Sousa Andrade) (1890-1954)


Foi uma das figuras mais polêmicas do nosso Modernismo. Sua vida e sua obra foram bastante interligadas: homem e autor sempre batalharam para romper a norma, a tradição, subvertendo a literatura convencional, praticando uma nova proposta, conscientes de que assim construiriam de fato uma nova literatura.
Paulista de Família muito rica, pôde ter um alto padrão de vida, garantido pelas fazendas da família. Estudou em São Paulo e em 1912, com 22 anos, fez uma viagem à Europa, onde entrou em contato com a vanguarda artística européia. Regressando a São Paulo, cursou a Faculdade de Direito do Largo São Francisco e dedicou-se ao jornalismo literário.
Em 1917 conheceu Mário de Andrade e Menotti del Picchia. Vai se formando o grupo que fará a Semana em 1922. Defendeu a pintora Anita Malfatti, rudemente atacada pelo escritor Monteiro Lobato, através do artigo "Paranóia ou Mistificação" publicado n'O Estado de S. Paulo. Juntamente com Guilherme de Almeida, Menotti del Picchia e outros formavam um grupo de amigos ligados à vida boêmia e à literatura.
Participou ativamente da Semana de Arte Moderna. Revelou-se um verdadeiro guerrilheiro literário na luta contra os romancistas de estética parnasiana. Em 1926 casou-se com a pintora Tarsila do Amaral. Fundaram o Movimento Antropofágico, tanto na literatura como na pintura.
A crise econômica de 1929 atingiu fortemente o patrimônio do escritor. Em 1930 separe-se de Tarsila e une-se a Patricia Theirs Galvão (primeira mulher jornalista com consciência política e precursora, nas atitudes, das idéias feministas da atualidade), a famosa Pagu, escritora e uma das tantas modernistas.
Oswald foi por pouco tempo filiado ao Partido Comunista Brasileiro. Sua participação política, o levou, juntamente com Pagu a fundar o jornal A Hora do Povo, que é empastelado pelos estudantes de direito da Faculdade do Largo São Francisco. Em 1945, já casado com Maria de Antonieta D'Alquimim, presta concurso para a Cadeira de Literatura da FFLCH da Universidade de São Paulo. Torna-se, então, professor livre-docente.
Oswald viajou pela Europa mais de uma vez (antes e depois da I Grande Guerra) e a curiosidade pelo que acontecia nas artes foi fundamental para sua obra que é, sem sombra de dúvida, a masi arrojada obra de vanguarda que tivemos.
Rever criticamente a cultura brasileira é a proposta do Manifesto do Pau-Brasil de 1924, que Oswald retoma e radicaliza na Revista Antropofágica (1928). a história do Brasil, sua economia política, sua cultura, suas artes, seus hábitos (culinária, vestimenta, etc.), tudo retomado liricamente em forma de poema, de prosa ou de poema em prosa, porque Oswald foi quem mais descaracterizou a tradicional divisão dos gêneros literários.
Sua obra é desigual na qualidade, mas cheia de originalidade. Cultivou a poesia, o teatro, o romance, o memorialismo, o ensaio literário e filosófico. Iniciador da poesia-piada, telegráfica e jornalística. Foi um inimigo juramentado de militante do passado literário, mais precisamente do estilo parnasiano ao qual ele opunha o seu estilo rápido, telegráfico.
Faleceu em São Paulo, em 1954.

Obras:
Memórias Sentimentais de João Miramar (1924) - prosa
A Estrela do Absinto (1927) - prosa Primeiro Caderno do Aluno de Poesia Oswald de Andrade (1927)
Serafim Ponte Grande (1933) - prosa
A Escada (1934) - prosa Marco Zero: A Revolução Melancólica (1943) - prosa Chão (1945) - prosa O Homem e o Cavalo (1934) - teatro
A Morta (1937) - teatro
O Rei da Vela (1937) - teatro
Cântico dos Cânticos para Flauta e Violão (1945)
O Escaravelho de Outro (1945) - poesia Os Condenados: Alma (1922) - prosa Ponta de Lança (1943-1944) - artigos e conferências Um Homem sem Profissão - Sob as Ordens de Mamãe (1954) - manifestos, memórias Telefonemas e Esparsos - crônicas e polêmicas


3. Manuel Bandeira (Manuel Carneiro de Souza Bandeira Filho) (1886-1968)


Nasceu no Recife e, menino ainda, mudous-se com a família para o Rio de Janeiro. Estudou no tradicional Colégio D. Pedro II, foi desde cedo leitor de histórias infantis e dos grandes clássicos portugueses. Viveu algum tempo em Petrópolis. Por influência do pai pensou em fazer arquitetura e por isso mudou-se para São Paulo para cursar a Escola Politécnica. Obrigado a deixar a escola por contrair tuberculose, foi tratar-se em Cladeval, na Suiça, onde conviveu com o poeta francês Paul Eluard e entrou em contato com as idéias da época sobre poesia. Volta ao Rio de Janeiro dedicando-se ao magistério secundário e superior. Desenganado e em tratamento constante vive "como que provisoriamente".
Colabourou na imprensa e teve um círculo de amigos importantes na literatura: Ribeiro Couto, Gilberto Amado, Vinícius de Moraes, Mário de Andrade, Fernando Sabino e outros.
Manuel Bandeira destrói a linguagem parnasiana rebuscada e formal (seu poema "Os Sapos" ironiza a estética parnasiana), e cria, ao mesmo tempo, em sua obra, uma linguagem simples e direta, uma linguagem cotidiana, valorizada principalmente pelo seu talento.
Quanto ao conteúdo, Bandeira revela uma tendência até certo ponto romântica para a poesia de confissão. É um dos melhores cultores do verso livre na literatura. É considerado um dos maiores poetas líricos da língua portuguesa e considerado unanimemente pela crítica como um dos maiores poetas do Modernismo do Brasil. Realizou, também, excelentes traduções de poemas. Foi cognominado por Mário de Andrade de "São João Batista do Modernismo".
Da poesia simbolista evoluiu para a poesia modernista
Folclórico, irônico, sensual
Temas do cotidiano

Obras:
A cinza das Horas (1917), Libertinagem (1930), Estrela da Vida Inteira (1966)

 
4. Alcântara Machado (Antônio Castilho de Alcântara Machado D'Oliveira) (1901-1935)


Filho de família tradicional paulista, estudou no Colégio São Bento e na Faculdade de Direito do Largo São Francisco. Militou no jornalismo e na política. Durante a Revolução Constitucionalista de 1932 dirigiu a rádio Record, fazendo a propaganda das idéias do movimento. Foi deputado pela Assembléia Nacional Constituinte de 1934. Faleceu prematuramente no Rio de Janeiro, aos 34 anos, em conseqüência de uma operação de apendicite.
Apesar de sua morte prematura, foi bastante atuante: ligado a Oswald, a Tarsila do Amaral, ao crítico e ensaísta Sérgio Milliet, contribuiu com artigos para as revistas Terra Roxa e Outras Terras, Antropofagia e Nova. Sua atuação estendeu-se para a militância política, ligando-se ao Partido Democrático.
Além de advogado dedicou-se ao jornalismo literário e especialmente à prosa literária.
Foi um dos autores qeu melhor representou a realidade urbana tendo o imigrante, sobretudo o italiano, como personagem principal. Retrata os novos hábitos, as novas profissões, os quarteirões e os lugares que se tornaram históricos em São Paulo; observa a classe operária, diferenciada da dos senhores barões e industriais, até mesmo o bairro onde se agrupava. É o observador crítico, às vezes cômico, outras emotivo e impressionista.
Alcântara Machado nos legou obras literárias que são verdadeiros documentos históricos de uma época em que o Brasil era, para o imigrante, o sonho dourado, o símbolo de uma vida melhor. Alcântara Machado mostra que ao sonho dourado se opunha a realidade, verdadeiro pesadelo, à medida que era preciso trabalahar em condições subumanas e submeter-se a qualquer tipo de emprego para alcançar a meta da ascenção social.
Alcântara Machado registrou a fala coloquial da época, imprimindo à sua literatura a linguagem oral do imigrante, do dia-a-dia, sem retórica, sem preocupação com a norma culta, a qual atribuía à literatura de seus antecessores o caráter elitista e elitizador.
Sua obra é composta por contos ambientados em São Paulo (anos vinte,séc. XX), o que a coloca como uma antecipação do caminho regionalista da nossa literatura. Foi ele quem trouxe à Literatura Brasileira um novo personagem, o imigrante italiano, que teve um importante papel na transcrição da fala do imigrante italiano.


Obras:
Brás, Bixiga e Barra Funda (1927), Laranja da China (1928), Anchieta na Capitania de São Vicente (1928)
Mana Maria (1936) (inacabada), Cavaquinho e Saxofone (1940), Novelas Paulistanas (1961) (coletânea de ficção)

 
 
 
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Natassia

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