Dom Casmurro - Machado de Assis
26 de novembro de 2011 by Natassia in Assuntos: , , , , , , ,

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Macunaíma - Mário de Andrade
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Mar Portuguez - Fernando Pessoa
30 de outubro de 2011 by Natassia in Assuntos: , , , , , , , ,



Ó mar salgado, quanto do teu sal
São lágrimas de Portugal!
Por te cruzarmos, quantas mães choraram,
Quantos filhos em vão resaram!
Quantas noivas ficaram por casar
Para que fosses nosso, ó mar!

Valeu a pena? Tudo vale a pena
Se a alma não é pequena.
Quem quere passar além do Bojador
Tem que passar além da dor.
Deus ao mar o perigo e o abysmo deu,
Mas nelle é que espelhou o céu.

Fernando Pessoa nasceu em 1888, em Lisboa, vindo a falecer na mesma cidade, em 1935, com apenas 47 anos. Órfão de pai ainda criança, passou a infância e a adolescência em Durban, na África do Sul, onde obteve educação inglesa, tornando-se um poeta bilíngue. Em 1905, prestes a ingressar na Universidade do Cabo, precisou voltar para Lisboa. Lá chegou a iniciar o Curso Superior de Letras, abandonando-o para instalar uma tipografia, que fracassou. Trabalhou obscuramente como correspondente estrangeiro – redator de cartas comerciais em inglês e francês –, atividade modesta, que acabou por sustentá-lo a maior parte da vida.

Embora tenha participado intensamente das publicações do Modernismo português, seu único livro publicado em vida foi Mensagem, obra com a qual participou de um concurso de poesia do Secretariado da Propaganda Nacional, em Lisboa, em 1934, pouco antes de morrer. O prêmio de segunda categoria que lhe deram, nessa última experiência literária, mostra o quanto não foi reconhecido em vida, embora tenha dedicado toda ela à arte e à poesia. Milhares de páginas têm sido escritas sobre sua criação, uma das maiores do século XX, ao lado de Eliot, Rilke, Pound, Lorca e alguns outros.

Além de Mensagem, escreveu Poemas completos de Alberto Caeiro, Odes de Ricardo Reis, Poesias de Álvaro de Campos, Poemas dramáticos, Poesias coligidas, Quadras ao gosto popular, Novas poesias inéditas. Em prosa, suas obras são: Páginas de Doutrina Estética, A nova poesia portuguesa, Análise da vida mental portuguesa, Apologia do paganismo e Páginas íntimas e de auto-interpretação.

Poeta filósofo, sutil e complexo, Fernando Pessoa escreve em redondilhas rimadas, fundamentalmente procurando reunir o “sentir” e o “pensar” (“ O que em mim sente ´stá pensando”). A inquietação, a necessidade de compreender todas as coisas, a busca constante da consciência, que inclui saber ser ela uma impossibilidade, constituem algumas das características fundamentais de sua obra.

Fernando Pessoa é o poeta que conjuga lucidez e vidência, que se coloca entre o pendor para a paixão, o sonho, a entrega mágico-poética aos mistérios e a postura analítico-racional, de constante indagação crítica. Assim, fragmentou-se, multiplicou-se, reinventou-se, convivendo em profundidade com todas as grandes contradições do nosso tempo e recriando-as poeticamente, numa das monumentais obras-primas da poesia do século XX.

Mensagem é sua obra em versos, ao mesmo tempo, líricos e épicos. Está dividida em três partes: I – Brasão; II – Mar Portuguez; III – O Encoberto. Nela, Pessoa recria a História de Portugal, a partir de Os Lusíadas, de Luís Vaz de Camões. Escrita no período neoclássico (século XVI), Os Lusíadas é considerada a maior epopeia existente em língua portuguesa, tendo imortalizado a glória e a soberania de Portugal, no período da expansão ultramarina.



No diálogo intertextual que Fernando Pessoa estabelece com Os Lusíadas para escrever Mensagem, percebe-se que o objetivo maior desta obra é restabelecer a grandeza messiânica da pátria, conquistada na época de Camões por meio das Grandes navegações Marítimas, e nunca mais recuperada. Em sua atmosfera mitopoética, visionária, Mensagem busca resgatar a glória e a soberania portuguesas, vendo a pátria predestinada a realizar um destino superior, tão nobre quanto o realizado no século XVI, mas de natureza metafísica, espiritual: a criação da Grande Poesia.

“Mar portuguez” é uma das mais belas composições de toda a obra de Fernando Pessoa. Nela, o poeta sintetiza, de forma brilhante, os elementos fundamentais no questionamento das Navegações: a dor, o preço pago para que o mar se tornasse português e a pergunta vital – “Valeu a pena?”.

O poema tem um tom filosófico, épico, elegendo como interlocutor o mar: espaço infinito, de expansão e de aventuras. Faz um balanço histórico com ele, reconhecendo a dor e, também, a necessidade de ultrapassá-la, quando o que importa é o Ideal. Em versos alternadamente de dez e oito sílabas poéticas, com rimas emparelhadas (aabbcc), as duas estrofes de seis versos que constituem o poema exibem alguns elementos essenciais da releitura de Os Lusíadas presente em Mensagem. Sua temática se aproxima da do episódio camoniano do Velho do Restelo, em que se denuncia o imenso sacrifício imposto ao povo pela aventura ultramarina:

“ Em tão longo caminho e duvidoso
Por perdidos as gentes nos julgavam.
As mulheres e`um choro piedoso,
Os homens com suspiros que arrancavam.
Mãe, esposas, irmãs, que o temeroso
Amor mais desconfia, acrescentavam
A desesperação e frio medo
De já nos não tornar a ver tão cedo.”

Julgando-os perdidos, mães, esposas, irmãs choravam antecipadamente a morte de seus parentes; as lágrimas eram tantas que se igualavam em quantidade aos grãos de areia:

“ A branca areia as lágrimas banhavam,
Que a multidão com elas se igualavam.”



Fernando Pessoa retoma a fusão das lágrimas com as águas do mar, comunhão mais que perfeita da aventura portuguesa. Como nos outros poemas desta obra, o autor recorre a arcaísmos gráficos, como forma de remissão a um passado longínquo (portuguez, lagrimas, resaram, quere, abysmo, nelle).

Na primeira estrofe do poema, o mar aparece como vocativo, considerado como entidade superior, divina, mitificada (dessas entidades superiores que se alimentam de sangue, da dor, do sacrifício humano). As frases exclamativas realçam o sofrimento causado pela sua conquista, sintetizado pelas lágrimas que, de tão numerosas, colaboraram para torná-lo salgado (conceito hiperbólico). Repare que o eu lírico se manifesta de forma coletiva: “ Por te cruzarmos, quantas mães choraram”. A forma verbal de primeira pessoa do plural (“cruzarmos”) traz implícito o sujeito nós, que expressa a ideia de uma voz coletiva, isto é, de todo o Povo português a lamentar o alto preço pago.

A vocação náutica dos portugueses e os grandes descobrimentos do passado tornaram o tema do mar bastante frequente na Literatura Portuguesa de todos os tempos. Fernando Pessoa, em “Mar portuguez”, focaliza o custo que a aventura marítima representou em termos de vidas humanas e sofrimentos ao povo de seu país (representado pelo choro das mães, a prece dos filhos e a privação das noivas). O possessivo nosso do verso 6 não deixa dúvida de que Portugal adquiriu efetivamente a conquista desejada: o mar.

A segunda estrofe, no entanto, o eu lírico justifica o empreendimento e o esforço supremo: “Quem quere (quer) passar além do Bojador/Tem que passar além da dor”. Para os portugueses, a glória era simbolizada pela superação dos perigos do mar, constante duelo com a morte. O Bojador é um cabo localizado na costa oeste da África, na altura das ilhas Canárias (pouco ao norte do Trópico de Câncer). No início das grandes Navegações, era o limite conhecido do território africano. Portanto, “passar além do Bojador” significa entrar no desconhecido, enfrentar “perigos e abismos”.

E nesse contexto, “ tudo vale a pena” quando se alcança um desígnio maior, destinado pela nobreza da alma não pequena( de inspirações ilimitadas), pois se o mar é perigoso, na mesma medida, é o espelho da grandeza e da sublimidade, já que é nele que se reflete o céu. Ao Ideal expansionista do século XVI, com suas conquistas materiais e suas glórias terrenas, Pessoa opõe outro Ideal: um “Mar portuguez” mítico, metafísico, espiritual: conquistá-lo significa optar pela aventura e pelo sonho, engrandecer a pátria e a humanidade com a força da “Grande Poesia”, portuguesa e ao mesmo tempo universal

Fonte: Blog Literatura & Linguagens

Inês Pedrosa


A portuguesa Inês Pedrosa é uma autora bastante conhecida no Brasil, cujos romances "Fica Comigo Esta Noite" (2007, Planeta do Brasil) e "Fazes-me Falta" (2003, Planeta do Brasil) tiveram relativo destaque no país. Justificado sucesso: seu feminismo, sem carregar nenhuma bandeira, é sutil, presente tão somente no universo das personagens ou nas frágeis camadas de sua estrutura narrativa.


Sua escrita, e mesmo seu horizonte temático, é versátil, talvez graças à sua experiência como tradutora e diretora da revista "Marie Claire", de Portugal, isso entre 1993 e 1996 (é atualmente colunista do semanal "Expresso", um dos maiores jornais portugueses).

Seu livro mais recente, "A Eternidade e o Desejo" (2008, Alfaguara), confirma a versatilidade da autora. Trata-se de um romance ambientado em Salvador em que ritos e tradições da cultura brasileira, como o candomblé, surgem para orientar o leitor em uma busca pelo amor.

O estado de cegueira da protagonista, diferente do célebre "Ensaio sobre a Cegueira" (1995, Cia. das Letras) de seu compatriota José Saramago, funciona como porta de entrada para a redescoberta do sentimento amoroso. Em Saramago, a deficiência problematiza toda uma ordem de relações humanas.

Também contista, Inês Pedrosa busca nos desencontros mais cotidianos a inspiração para seus recortes de fôlego menor. Como uma fotografia de cada movimento das personagens, o instante ganha a potência de uma vida, apenas sombreada nas feições, nas palavras e nas entrelinhas de suas histórias.

"Fica Comigo Esta Noite" é um exemplo representativo da ficção da autora, onde cada movimento em falso das personagens não é simplesmente desvio arbitrário nas mãos de um ardiloso narrador, mas sim reflexo do conflitante livre-arbítrio que parece guiar cada personagem, cada decisão. Mais do que tratar da solidão, a narradora busca encontrar, em uma análise às avessas, as causas desse estado para então sugerir possíveis saídas, sempre pelo viés amoroso.

Solidão e amor, um dos contrapontos mais dolorosos da história da literatura, funcionam como instrumento em sua obra, não como objetos, temas ou motivos. Invertendo-se a equação, ou seja, sobrepondo o sentimento à resolução de seu próprio conflito, a autora cria uma trama que puxa o leitor mais pela bem amarrada linguagem do que pela mera tematização amorosa. A linguagem antecede o amor, e não este dá origem à expressão.

Por conta desse feminismo sem bandeira e dessa versatilidade, a mesa 5, intitulada "Sexo, Mentiras e Videotape", da qual Inês Pedrosa fará parte, dialogando com a inglesa Zoë Heller e com a brasileira Cíntia Moscovich, outras expoentes da literatura feminina, tem tudo para atrair boa parte do público da Flip, ao unir três gerações diferentes de mulheres discutindo e reexaminando a própria intimidade.

Fonte: Folha ilustrada


José Saramago

José de Sousa Saramago nasceu numa família de camponeses da Aldeia de Azinhaga, ao sul de Portugal, em 1922. Seus pais eram analfabetos. Sua origem influenciou o modo de escrever, caracterizado pela liberdade no uso da pontuação. "Meu estilo começou em 1979, quando eu estava escrevendo Levantado do Chão. O mundo que eu descrevia era o Portugal rural, durante os primeiros dois terços do século passado - um mundo no qual a cultura de contar histórias predominava, e eram passadas de geração a geração, sem que se usasse a palavra escrita", disse o escritor ao jornalista australiano Ben Naparstek, lembrando que, quando se fala, não se usa pontuação. A entrevista foi incluída no livro Encontros com 40 Grandes Autores.



Com um estilo próprio, Saramago conquistou em 1983 o Prêmio Camões, a mais importante distinção dada a um escritor em língua portuguesa - recebida neste ano pelo poeta Ferreira Gullar - e, em 1998, o Prêmio Nobel de Literatura.


Levantado do Chão é um dos livros que mais falam de Saramago. Ao mostrar a luta do povo contra a opressão dos latifundiários e das autoridades oficiais e clericais, o romance faz ecoar a opção política do escritor, que se dizia socialista até o fim da vida. Considerado hoje o seu primeiro grande romance, Levantado do Chão também merece destaque por ter dado notoriedade a Saramago, que por ele recebeu o Prêmio Cidade de Lisboa, em 1980, e o Prêmio Internacional Ennio Flaiano em 1982.


Sua atividade como escritor, no entanto, havia começado muito antes, em 1947, com o livro Terra do Pecado. Após um hiato de 19 anos, lança, em 1966, Os Poemas Possíveis, seu primeiro livro de poesia. Três anos depois, se tornaria membro do Partido Comunista Português. Atuando como crítico literário e jornalista, em 1975, chegaria à direção-adjunta do Diário de Notícias. Mas, já no ano seguinte, fugindo à opressão do Salazarismo, regime totalitário que dominava Portugal, passaria a viver de literatura. Num primeiro momento, como tradutor. Em seguida, como autor.


Depois de Levantado do Chão, chamaria a atenção com os romances O Ano da Morte de Ricardo Reis (1984), A Jangada de Pedra (1986) e O Evangelho Segundo Jesus Cristo (1991), cuja inspiração lhe veio de um golpe de vista. Andando pela rua, o escritor acreditou ter lido, na manchete de um jornal, aquele que viria a ser o título da obra, e a partir daí nasceu a ideia de contar o Novo Testamento pela visão de Jesus Cristo, e não mais de um de seus apóstolos.


Foi por este livro que Saramago deixoiu Portugal, no início da década de 1992. A inscrição de O Evangelho Segundo Jesus Cristo para o Prêmio Literário Europeu, em 1992, foi vetada pela Secretaria de Cultura portuguesa. As vendas dispararam, mas, aborrecido, o escritor mudou-se para Lanzarote, nas Ilhas Canárias.


Sobre Levantado do Chão, outra curiosidade: o título foi tomado de empréstimo pelo compositor Chico Buarque, que participou juntamente com Saramago e o fotógrafo Sebastião Salgado de um projeto relacionado ao Movimento dos Trabalhadores Rurais sem Terra (MST). "Como então? Desgarrados da terra? Como assim? Levantados do Chão?", diz a letra da canção Levantados do Chão.


O Ensaio Sobre a Cegueira (1995) é outro destaque da obra de Saramago. O livro foi adaptado para o cinema em 2008 pelo brasileiro Fernando Meirelles, segundo quem Saramago não gostava de falar de literatura. Para ele, haveria assuntos mais importantes a discutir. Casado com a jornalista espanhola Pilar del Rio, Saramago deixa uma filha e dois netos do primeiro casamento.


Algumas das principais obras de Saramago:


Levantado do Chão (1980)
Memorial do Convento (1982)
O Ano da Morte de Ricardo Reis (1984)
História do Cerco de Lisboa (1989)
O Evangelho segundo Jesus Cristo (1991)
Ensaio sobre a Cegueira (1995)
As Intermitências da Morte (2005)

Fonte: Veja - Celebridades

Realismo e Naturalismo
26 de outubro de 2011 by Natassia in Assuntos: , , , , , ,



Surgimento: II metade do século XIX


Características do REALISMO:

1) Objetivismo e impessoalidade
2) Busca da verossimilhança: as obras devem dar a impressão de verdade total, isto é, de que constituem um reflexo perfeito da realidade
3) Busca da perfeição formal
4) Pessimismo: os valores burgueses e as crenças religiosas e ideológicas sofrem um processo de completo descrédito
5) Racionalismo - cuja tradução é tanto a análise psicológica como a análise social


Características do NATURALISMO
1) Arte vinculada às novas teorias científicas e ideológicas européias (Evolucionismo, Positivismo, Determinismo, Socialismo, Medicina Experimental). Daí o outro nome do movimento, criado por Zola: romance experimental.
2) Todas as características do Realismo - menos a análise psicológica. Esta é substituída por variações deterministas que transformam os personagens em fantoches de destinos pré-estabelecidos. Segundo Taine, o homem é produto do meio, da raça e do momento histórico em que vive. Pode-se dizer assim que o Naturalismo é o Realismo mais o cientificismo da II metade do século XIX.
3) Cientificismo sociológico e biológico. O sociológico é dado pelo determinismo do meio e do momento. O biológico pelo determinismo de raça e dos temperamentos e caracteres herdados.
4) Personagens patológicos. Para provar suas teses, os escritores naturalistas são obrigados muitas vezes a apresentar protagonistas doentios, criminosos, bêbados, histéricos, maníacos.



O Realismo e Naturalismo no Brasil



As primeiras idéias renovadoras surgem na década de 1870, no Recife, através da ação de Tobias Barreto e Sílvio Romero.
Em 1881 aparecem O mulato, de Aluísio Azevedo e Memórias póstumas de Brás Cubas, de Machado de Assis. Ainda que não sigam de todo os modelos europeus, as obras são respectivamente consideradas as inauguratórias da estética naturalista e realista no país.


O romance realista



MACHADO DE ASSIS



I fase: (Tendências indefinidas, com maior acento romântico)
Ressurreição - A mão e a luva - Helena - Iaiá Garcia

· Tentativa de contrastar caracteres, conforme declaração do autor no prefácio de Ressurreição.
· Certos temas recorrentes na II fase, como a ambição e o egoísmo, já se insinuam nestes romances
· Linguagem carregada de lugares-comuns.


II fase: (Realista, mas de um realismo absolutamente singular, fora dos padrões europeus)

Memórias póstumas de Brás Cubas
Um defunto autor, sem as ilusões e as fraudes interiores dos vivos, narra do túmulo a sua vida pregressa. Num tom irônico, ele vai descobrindo a ausência de grandeza em si e em todas as pessoas. A consciência de que as ações humanas são desencadeadas apenas pelo interesse, pela possibilidade de lucro, pelo egoísmo e pelo instinto sexual, justifica o fim do romance, em que Brás Cubas mede sua vida e conclui que ganhara: "Não tive filhos, não transmiti a nenhuma criatura o legado de nossa miséria".

Curioso é o personagem Quincas Borba, amigo do personagem-narrador, filósofo de duvidosa sanidade mental, criador da teoria do Humanitas que, sendo uma sátira contra todas as filosofias, é também a tradução da corrosiva visão de mundo do próprio Machado de Assis.

Quincas Borba
O modesto professor Rubião recebe em Barbacena grande herança do falecido filósofo Quincas Borba, com a condição de cuidar do seu cachorro, também chamado Quincas Borba.
Rubião abandona a província, mudando-se para o Rio de Janeiro, onde é enganado e explorado por um bando de parasitas, especificamente por um ambicioso casal: Sofia e Palha. Sofia percebe a paixão do professor por ela e se diverte com sua ingenuidade. Palha monta um negócio de exportação com o professor, o qual entra com todos os recursos financeiros para o empreendimento.
Rubião, consciência estreita em demasia para a complexidade psicológica e social, nada entende. E acaba enlouquecendo. Dissipa, então, a sua fortuna inteiramente. Palha desmancha a sociedade, ficando com o negócio e Rubião é despachado de volta para Barbacena, em companhia do cachorro Quincas Borba. Lá morre na maior miséria.

Dom Casmurro
Bento Santiago tenta recompor o passado através da memória, e recorda o amor adolescente por Capitu (a de "olhos oblíquos e dissimulados", "olhos de cigana", "olhos de ressaca"). Boa parte da memória de Bentinho concentra-se na adolescência dos personagens, na poesia da primeira paixão, no compromisso de casamento e em seu ingresso forçado no seminário, promessa carola de sua mãe. Depois, as ações ocorrem velozes: a amizade com Escobar, o abandono do seminário, o tão desejado casamento com Capitu, o enlace de Escobar com Sancha, a amizade dos casais, o nascimento de Ezequiel, filho do personagem-narrador, a felicidade.
Escobar morre no mar e Capitu sofre tanto que Bentinho desconfia. Uma desconfiança que aumentará dia após dia, uma dialética de suspeitas e ciúmes: Bento vê no filho, Ezequiel os traços fisionômicos de Escobar. O casamento se corrói pela traição (concreta?, real?) de Capitu, que parte para a Europa com o filho, impelida pelo marido que já não os aceita. Anos depois, Capitu morre, Ezequiel retorna para o Brasil (segundo o narrador, cada vez mais parecido com Escobar), vai para a África e lá também morre. O processo de desagregação de Bentinho estava concluído, restando-lhe enfrentar a solidão definitiva.

Esaú e Jacó
Quando o Conselheiro Aires morre, encontra-se em seus papéis a narrativa em questão. É a história de dois gêmeos, Pedro e Paulo, que já brigavam no ventre da mãe e que seguem adversários na infância e na vida adulta e na maturidade. Um se forma médico, outro advogado, um ingressa no partido conservador, outro no partido liberal. Um é monarquista, outro vira republicano. Ambos, no entanto, se apaixonam pela mesma moça, Flora. Esta oscila entre os gêmeos e termina morrendo sem optar por nenhum. Pedro e Paulo reconciliam-se e prometem amizade fraternal para o resto da vida, mas em seguidas rompem outra vez e seguem se odiando mutuamente.
O romance é muito lembrado por ser o único, na obra machadiana, em que fatos históricos (a Abolição e a República) têm importância no entrecho. Nos vestibulares aparece com freqüência o irônico episódio do cap. XLIX - Tabuleta velha - em que um dono de confeitaria, Custódio, em meio à confusão histórica (fim do Império, início da República) não sabe como designar a sua casa de negócios.

Memorial de Aires
O mesmo Conselheiro Aires, diplomata aposentado, escreve o seu diário cheio de finas observações sobre a vida, num tom discreto e levemente nostálgico, abrandando aquele pessimismo dos relatos anteriores de Machado de Assis. (No mundo ficcional, as memórias do conselheiro são anteriores ao romance Esaú e Jacó, do qual ele também é o narrador).
O conselheiro acompanha com interesse humano (talvez amoroso) a jovem viúva Fidélia, praticamente adotada por um casal de velhos sem filhos, Dona Carmo e Aguiar. Estes tinham experimentando uma grande decepção quando um rapaz a quem se afeiçoaram, como se fosse seu filho verdadeiro, Tristão, mudara-se para Lisboa com o fim de freqüentar a escola de medicina. Tristão retorna e acaba se casando com Fidélia. Em seguida, para tristeza dos velhos, o jovem casal viaja para Europa. O romance termina com o Conselheiro Aires acompanhando com discreta piedade a solidão do casal Aguiar e Carmo, no qual muito críticos viram as figuras de Machado e de sua esposa, Carolina.


Os temas principais:


1 - O adultério: Motivo central de Dom Casmurro e de uma série de contos, além de ser motivo importante de Memórias póstumas de Brás Cubas e Quincas Borba.

2 - O parasitismo social: Reflexo de uma sociedade erigida sobre o trabalho do escravo. Parasitas são quase todos os personagens de Machado, principalmente em Quincas Borba.

3 - A confusão entre a razão e a loucura: As fronteiras estabelecidas entre a razão e a insanidade são vagas e incertas. No conto O alienista desenvolve-se uma ironia feroz contra as certezas cientificistas do século XIX.

4 - O egoísmo, a vaidade, o interesse: Sem estes elementos nada ocorreria nos romances e contos de Machado de Assis. Os personagens movem-se por orgulho ou cobiça, e os que vivem por motivos mais nobres, em geral, são os enganados, os vencidos.

5 - A impossibilidade de ação com grandeza: Se acompanharmos Brás Cubas, Bentinho e o mesmo Rubião, veremos apenas o inventário de mesquinharias e atitudes hipócritas que satisfazem a moral das aparências.

6 - A hipocrisia: Relaciona-se com aspecto do duplo comportamento humano. Intimamente, os seres possuem determinadas facetas, idéias, sentimentos, mas, para satisfazer as exigências sociais, dissimulam, falsificam a sua identidade. Trata-se de um universo de véus e máscaras. Há uma alma interior e uma alma exterior: este é o tema do conto O espelho. Às vezes, a aparência e a verdade se confundem tanto que os indivíduos tomam uma pela outra: Capitu aparenta trair, Bentinho a julga traidora.

7 - A ambigüidade feminina: As mulheres no regime patriarcalista, inferiorizadas socialmente, são impelidas a aprender regras de dissimulação e de sedução, e se servem delas como armas. Muitas vezes, são elas que conduzem os homens desencadeando crises e problemas. Sofia, Capitu, Virgília e dona Conceição - esta última do conto Missa do galo - exemplificam este tipo de mulher.

8- O instinto e o subconsciente como móveis dos atos humanos.


Fonte: Mundo Vestubular

O Guardador de Rebanhos - Alberto Caeiro
17 de outubro de 2011 by Natassia in Assuntos: , , , , , , , ,

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Natassia

Conceitos semânticos
27 de setembro de 2011 by Natassia in Assuntos: , , , , , ,

Sinonímia


É a relação que se estabelece entre duas palavras ou mais que apresentam significados iguais ou semelhantes - SINÔNIMOS.
Ex.: Cômico - engraçado
Débil - fraco, frágil
Distante - afastado, remoto

Antonímia

É a relação que se estabelece entre duas palavras ou mais que apresentam significados diferentes, contrários - ANTÔNIMOS.
Ex.: Economizar - gastar
Bem - mal
Bom - ruim

Homonímia

É a relação entre duas ou mais palavras que, apesar de possuírem significados diferentes, possuem a mesma estrutura fonológica - HOMÔNIMOS.

As homônimas podem ser:

• Homógrafas heterofônicas ( ou homógrafas) - são as palavras iguais na escrita e diferentes na pronúncia.
Ex.: gosto ( substantivo) - gosto (1.ª pess.sing. pres. ind. - verbo gostar)
Conserto ( substantivo) - conserto (1.ª pess.sing. pres. ind. - verbo consertar)

• Homófonas heterográficas ( ou homófonas) - são as palavras iguais na pronúncia e diferentes na escrita.
Ex.: cela (substantivo) - sela ( verbo)
Cessão (substantivo) - sessão (substantivo)
Cerrar (verbo) - serrar ( verbo)

• Homófonas homográficas ( ou homônimos perfeitos) - são as palavras iguais na pronúncia e na escrita.
Ex.: cura (verbo) - cura ( substantivo)
Verão ( verbo) - verão ( substantivo)
Cedo ( verbo ) - cedo (advérbio)



Polissemia

É a propriedade que uma mesma palavra tem de apresentar vários significados.

Ex.: Ele ocupa um alto posto na empresa.
Abasteci meu carro no posto da esquina.
Os convites eram de graça.
Os fiéis agradecem a graça recebida.


Conotação e Denotação

Conotação é o uso da palavra com um significado diferente do original, criado pelo contexto.
Ex.: Você tem um coração de pedra.

Denotação é o uso da palavra com o seu sentido original.
Ex.: Pedra é um corpo duro e sólido, da natureza das rochas


Nem toda palavra é neutra, de uso geral, de significado único e preciso. Isso se deve à conotação. Vejamos algumas ocorrências relacionadas à conotação.

Termos referencialmente sinônimos mas não efetivamente sinônimos.

Vamos considerar os termos 'música sertaneja' e 'música caipira'. Os dois termos apontam para o mesmo referente mas aparecem nos discursos em distribuição complementar, ou seja, nos contextos em que se usa um não se usa outro.

Isso se deve a impressões e opiniões agregadas a cada termo acerca do referente. Quando se usa 'música caipira', fica subentendido que a música é de má qualidade, de baixa índole, etc. Caso se use 'música sertaneja', subentende-se música de boa qualidade.


Palavras com referente mutável contexto a contexto, receptor a receptor
Vamos analisar a palavra 'burguês'. Para um historiador, o burguês é o morador do burgo que desencadeia a revolução industrial. Para um marxista, burguês é o explorador da sociedade. Para um adepto da contracultura, o burguês é o símbolo da decadência da sociedade de consumo. O referente é o mesmo para todos os emissores, mas cada um deles agrega à palavra diferentes impressões e opiniões.

Palavras ligadas a dados contextos
Certas palavras só são adequadas ou toleráveis em dadas situações, tipos de discurso, ocasiões. Exemplo: o chulo. Os termos considerados chulos só costumam aparecer em contextos informais, pois somente nesses contextos eles são tolerados. Para contextos formais existem equivalentes próprios.

A palavra é típica de um grupo, região, época ou estilo.
Exemplos: gírias, regionalismos e jargões. Os termos que são marca de um grupo ficam impregnados das impressões e opiniões que a comunidade tem sobre ele. Se as gírias, via de regra, são execradas pela comunidade conservadora é porque a comunidade não aceita o grupo que as pratica e não por execração à gíria em si.

Conceito de conotação

As classes de palavras acima citadas têm características de uso próprias em função de opiniões e impressões a ela aderidas, seja dos usuários em relação ao referente que elas simbolizam ou dos usuários em relação ao subgrupo de usuários que as praticam. Este perfil é a conotação da palavra.

Conotação é a resposta a perguntas como: é de uso geral ou restrito a contextos, situações, grupos, épocas, regiões? Que sentido ela assume em dado contexto, para dado grupo? Que juízos, impressões a ela se aderem em função de suas características de uso?

Toda vez que uma palavra conotada é usada em situação alheia ao seu perfil típico de uso o resultado é estranhamento, sensação por parte do receptor de uma inadequação, de que algo está errado no discurso.

Fonte: Elab.LD

Natassia

Autores do Modernismo - 1ª fase I
25 de setembro de 2011 by Natassia in Assuntos: , , , , , , ,

1. Mário de Andrade (Mário Raul de Moraes Andrade)(1893-1945)


Nasceu em São Paulo, estudou no tradicional Colégio do Carmo. Estudou música e mais tarde lecionou no Conservatório Musical de São Paulo.
Em 1992 participa ativamente da Semana de Arte Moderna, da qual é um dos líderes, tornando-se uma personalidade respeitada nos meios intelectuais.
Pesquisador de nossa cultura, de nosso folclore, poeta, contista, ensaista, crítico, Professor de História da Música do Conservatório Dramático e Musical de São Paulo. Escreveu sobre literatura, música, pintura, desenho, escultura, folclore. Autor do Desvairismo
Em 1924 vai às cidades históricas de Minas Gerais: Ouro Preto, Mariana, Sabará, tomando contato direto com a obra de Aleijadinho. Em 1935, convidado por Paulo Duarte, organiza o Departamento Municipal de Cultura de São Paulo, atrvés do qual criou a Discoteca Pública de São Paulo.
Em 1938 transfere-se para o Rio de Janeiro, onde leciona Filosofia e História da Arte na Universidade do Distrito Federal. Em 1940 volta a residir em São Paulo, trabalhando no Serviço do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional.
Escrevia simultaneamente artigos críticos, participava de rodas e discussões literárias, freqüentava os famosos chás da Confeitaria Vienense, palco de famosas discussões sobre a arte moderna.
Seu nome fica conhecido a partir da Semana de Arte Moderna, onde, além de provocar admiração pela inteligência e cultura, fica conhecido pelos versos insolentes. Destaca-se pela liberdade (sinônimo de criatividade literária) com que escreve, revelada pelos versos soltos, pelo neologismo, pelo uso de expressões de linguagem oral, pelo desrespeito a conceitos antigos e, principalmente, pelos assuntos e temas que disputam seu interesse.
Considerado o lider da Semana de Arte Moderno, Mário era um pesquisador de nossa cultura. Por essa razão, além de poeta, contista, ensaísta crítico, escreveu sobre nossa música, pintura, desenho, escultura, folclore, o que demonstra seu interesse pelo que é nacional e genuíno. Esse interesse pelo que é nacional lhe propicia uma criatividade bastante ampla, imprimindo ao Modernismo uma das características mais importantes para a nova geração: o abandono da imitação estrangeira, o reconhecimento do valor de nossas produções. Além de uma atitude estética e cultural, esta é, principalmente, uma atitude política, que implica o reconhecimento do que acontece lá fora, sem negar o que se produz no Brasil.
A primeira obra de Mário de Andrade - Há uma Gota de Sangue em Cada Poema -, inspirada pela I Guerra Mundial, revela um poeta sensível aos acontecimentos sociais. Mas é com Paulicéia Desvairada (1922) que sua poesia é definitivamente reconhecida como modernista. Bandeira do Movimento, a obra expressa a postura de poeta participante e de vanguarda e Mário reafirma sua condição de "papa do Modernismo".
No "Prefácio Interessantíssimo" ele teoriza sobre as técnicas da arte contemporânea. Além de ser o primeiro texto teórico sobre o tema, escrito no Brasil, tem o valor de manifestar a visão pessoal de Mário de Andrade, acerca do Modernismo e da própria obra. Apesar de identificado com o Futurismo, a posição de Mário de Andrade não é a de acabar com o que pertence ao passado como propunha Marinetti.
Em sua obra poética percebe-se o amadurecimento do poeta através das imagens e associações cada vez mais voltadas para o cotidiano. Sua poesia ganha rumos sociais ora mais agressivos, ora mais sutis, sem deixar de lado o lirismo de caráter individual.
A Tudo que fez somou a seriedade típica do pesquisador, o humor, a imagem criativa, a ironia e, não raras vezes, a insolência do artista que vê na sua obra o peso da função social.
Faleceu de repente, Em São Paulo, na Rua Lopes Trovão, em 25 de fevereiro de 1945.

Obras:

Poesia
Há uma Gota de Sangue em Cada Poema (1917) - poesias (seu livro de estréia)
Paulicéia Desvairada (1922) - poesias
Losango Cáqui (1926) - poesias
Clã do Jabuti (1927) - poesias
Remate de Males (1930) - poesias
Poesias (1941) - poesias
Lira Paulistana (1945) - poesias

Prosa e outros
Primeiro Andar (1926) - contos
Belazarte (1934) - contos
Amar, Verbo Intransitivo (1927) - romance
Macunaíma (escrito em 1926 e publicado em 1928) - rapsódia
Aspectos da Literatura Brasileira (1943) - crítica literária
O Empalhador de Passarinhos (1944) - crítica literária
Os Filhos da Candinha (1943) - crônicas



2. Oswald de Andrade (José Oswald de Sousa Andrade) (1890-1954)


Foi uma das figuras mais polêmicas do nosso Modernismo. Sua vida e sua obra foram bastante interligadas: homem e autor sempre batalharam para romper a norma, a tradição, subvertendo a literatura convencional, praticando uma nova proposta, conscientes de que assim construiriam de fato uma nova literatura.
Paulista de Família muito rica, pôde ter um alto padrão de vida, garantido pelas fazendas da família. Estudou em São Paulo e em 1912, com 22 anos, fez uma viagem à Europa, onde entrou em contato com a vanguarda artística européia. Regressando a São Paulo, cursou a Faculdade de Direito do Largo São Francisco e dedicou-se ao jornalismo literário.
Em 1917 conheceu Mário de Andrade e Menotti del Picchia. Vai se formando o grupo que fará a Semana em 1922. Defendeu a pintora Anita Malfatti, rudemente atacada pelo escritor Monteiro Lobato, através do artigo "Paranóia ou Mistificação" publicado n'O Estado de S. Paulo. Juntamente com Guilherme de Almeida, Menotti del Picchia e outros formavam um grupo de amigos ligados à vida boêmia e à literatura.
Participou ativamente da Semana de Arte Moderna. Revelou-se um verdadeiro guerrilheiro literário na luta contra os romancistas de estética parnasiana. Em 1926 casou-se com a pintora Tarsila do Amaral. Fundaram o Movimento Antropofágico, tanto na literatura como na pintura.
A crise econômica de 1929 atingiu fortemente o patrimônio do escritor. Em 1930 separe-se de Tarsila e une-se a Patricia Theirs Galvão (primeira mulher jornalista com consciência política e precursora, nas atitudes, das idéias feministas da atualidade), a famosa Pagu, escritora e uma das tantas modernistas.
Oswald foi por pouco tempo filiado ao Partido Comunista Brasileiro. Sua participação política, o levou, juntamente com Pagu a fundar o jornal A Hora do Povo, que é empastelado pelos estudantes de direito da Faculdade do Largo São Francisco. Em 1945, já casado com Maria de Antonieta D'Alquimim, presta concurso para a Cadeira de Literatura da FFLCH da Universidade de São Paulo. Torna-se, então, professor livre-docente.
Oswald viajou pela Europa mais de uma vez (antes e depois da I Grande Guerra) e a curiosidade pelo que acontecia nas artes foi fundamental para sua obra que é, sem sombra de dúvida, a masi arrojada obra de vanguarda que tivemos.
Rever criticamente a cultura brasileira é a proposta do Manifesto do Pau-Brasil de 1924, que Oswald retoma e radicaliza na Revista Antropofágica (1928). a história do Brasil, sua economia política, sua cultura, suas artes, seus hábitos (culinária, vestimenta, etc.), tudo retomado liricamente em forma de poema, de prosa ou de poema em prosa, porque Oswald foi quem mais descaracterizou a tradicional divisão dos gêneros literários.
Sua obra é desigual na qualidade, mas cheia de originalidade. Cultivou a poesia, o teatro, o romance, o memorialismo, o ensaio literário e filosófico. Iniciador da poesia-piada, telegráfica e jornalística. Foi um inimigo juramentado de militante do passado literário, mais precisamente do estilo parnasiano ao qual ele opunha o seu estilo rápido, telegráfico.
Faleceu em São Paulo, em 1954.

Obras:
Memórias Sentimentais de João Miramar (1924) - prosa
A Estrela do Absinto (1927) - prosa Primeiro Caderno do Aluno de Poesia Oswald de Andrade (1927)
Serafim Ponte Grande (1933) - prosa
A Escada (1934) - prosa Marco Zero: A Revolução Melancólica (1943) - prosa Chão (1945) - prosa O Homem e o Cavalo (1934) - teatro
A Morta (1937) - teatro
O Rei da Vela (1937) - teatro
Cântico dos Cânticos para Flauta e Violão (1945)
O Escaravelho de Outro (1945) - poesia Os Condenados: Alma (1922) - prosa Ponta de Lança (1943-1944) - artigos e conferências Um Homem sem Profissão - Sob as Ordens de Mamãe (1954) - manifestos, memórias Telefonemas e Esparsos - crônicas e polêmicas


3. Manuel Bandeira (Manuel Carneiro de Souza Bandeira Filho) (1886-1968)


Nasceu no Recife e, menino ainda, mudous-se com a família para o Rio de Janeiro. Estudou no tradicional Colégio D. Pedro II, foi desde cedo leitor de histórias infantis e dos grandes clássicos portugueses. Viveu algum tempo em Petrópolis. Por influência do pai pensou em fazer arquitetura e por isso mudou-se para São Paulo para cursar a Escola Politécnica. Obrigado a deixar a escola por contrair tuberculose, foi tratar-se em Cladeval, na Suiça, onde conviveu com o poeta francês Paul Eluard e entrou em contato com as idéias da época sobre poesia. Volta ao Rio de Janeiro dedicando-se ao magistério secundário e superior. Desenganado e em tratamento constante vive "como que provisoriamente".
Colabourou na imprensa e teve um círculo de amigos importantes na literatura: Ribeiro Couto, Gilberto Amado, Vinícius de Moraes, Mário de Andrade, Fernando Sabino e outros.
Manuel Bandeira destrói a linguagem parnasiana rebuscada e formal (seu poema "Os Sapos" ironiza a estética parnasiana), e cria, ao mesmo tempo, em sua obra, uma linguagem simples e direta, uma linguagem cotidiana, valorizada principalmente pelo seu talento.
Quanto ao conteúdo, Bandeira revela uma tendência até certo ponto romântica para a poesia de confissão. É um dos melhores cultores do verso livre na literatura. É considerado um dos maiores poetas líricos da língua portuguesa e considerado unanimemente pela crítica como um dos maiores poetas do Modernismo do Brasil. Realizou, também, excelentes traduções de poemas. Foi cognominado por Mário de Andrade de "São João Batista do Modernismo".
Da poesia simbolista evoluiu para a poesia modernista
Folclórico, irônico, sensual
Temas do cotidiano

Obras:
A cinza das Horas (1917), Libertinagem (1930), Estrela da Vida Inteira (1966)

 
4. Alcântara Machado (Antônio Castilho de Alcântara Machado D'Oliveira) (1901-1935)


Filho de família tradicional paulista, estudou no Colégio São Bento e na Faculdade de Direito do Largo São Francisco. Militou no jornalismo e na política. Durante a Revolução Constitucionalista de 1932 dirigiu a rádio Record, fazendo a propaganda das idéias do movimento. Foi deputado pela Assembléia Nacional Constituinte de 1934. Faleceu prematuramente no Rio de Janeiro, aos 34 anos, em conseqüência de uma operação de apendicite.
Apesar de sua morte prematura, foi bastante atuante: ligado a Oswald, a Tarsila do Amaral, ao crítico e ensaísta Sérgio Milliet, contribuiu com artigos para as revistas Terra Roxa e Outras Terras, Antropofagia e Nova. Sua atuação estendeu-se para a militância política, ligando-se ao Partido Democrático.
Além de advogado dedicou-se ao jornalismo literário e especialmente à prosa literária.
Foi um dos autores qeu melhor representou a realidade urbana tendo o imigrante, sobretudo o italiano, como personagem principal. Retrata os novos hábitos, as novas profissões, os quarteirões e os lugares que se tornaram históricos em São Paulo; observa a classe operária, diferenciada da dos senhores barões e industriais, até mesmo o bairro onde se agrupava. É o observador crítico, às vezes cômico, outras emotivo e impressionista.
Alcântara Machado nos legou obras literárias que são verdadeiros documentos históricos de uma época em que o Brasil era, para o imigrante, o sonho dourado, o símbolo de uma vida melhor. Alcântara Machado mostra que ao sonho dourado se opunha a realidade, verdadeiro pesadelo, à medida que era preciso trabalahar em condições subumanas e submeter-se a qualquer tipo de emprego para alcançar a meta da ascenção social.
Alcântara Machado registrou a fala coloquial da época, imprimindo à sua literatura a linguagem oral do imigrante, do dia-a-dia, sem retórica, sem preocupação com a norma culta, a qual atribuía à literatura de seus antecessores o caráter elitista e elitizador.
Sua obra é composta por contos ambientados em São Paulo (anos vinte,séc. XX), o que a coloca como uma antecipação do caminho regionalista da nossa literatura. Foi ele quem trouxe à Literatura Brasileira um novo personagem, o imigrante italiano, que teve um importante papel na transcrição da fala do imigrante italiano.


Obras:
Brás, Bixiga e Barra Funda (1927), Laranja da China (1928), Anchieta na Capitania de São Vicente (1928)
Mana Maria (1936) (inacabada), Cavaquinho e Saxofone (1940), Novelas Paulistanas (1961) (coletânea de ficção)

 
 
 
Retirado do site Literatura & Leitura
 
Natassia

Modernismo no Brasil - 1ª fase
by Natassia in Assuntos: , , , , , , , ,

A Semana de Arte Moderna (1922) é considerada o marco inicial do Modernismo brasileiro.

A Semana ocorreu entre 13 e 18 de fevereiro de 1922, no Teatro Municipal de São Paulo, com participação de artistas de São Paulo e do Rio de Janeiro. O evento contou com apresentação de conferências, leitura de poemas, dança e música. O Grupo dos Cinco, integrado pelas pintoras Tarsila do Amaral e Anita Malfatti e pelos escritores Mário de Andrade, Oswald de Andrade e Menotti Del Picchia, liderou o movimento que contou com a participação de dezenas de intelectuais e artistas, como Manuel Bandeira, Di Cavalcanti, Graça Aranha, Guilherme de Almeida, entre muitos outros.
Os modernistas ridicularizavam o parnasianismo, movimento artístico em voga na época que cultivava uma poesia formal. Propunham uma renovação radical na linguagem e nos formatos, marcando a ruptura definitiva com a arte tradicional. Cansados da mesmice na arte brasileira e empolgados com inovações que conheceram em suas viagens à Europa, os artistas romperam as regras preestabelecidas na cultura.

Na Semana de Arte Moderna foram apresentados quadros, obras literárias e recitais inspirados em técnicas da vanguarda europeia, como o dadaísmo, o futurismo, o expressionismo e o surrealismo, misturados a temas brasileiros.

Os participantes da Semana de 1922 causaram enorme polêmica na época. Sua influência sobre as artes atravessou todo o século XX e pode ser entendida até hoje.



A primeira fase do Modernismo

O movimento modernista no Brasil contou com duas fases: a primeira foi de 1922 a 1930 e a segunda de 1930 a 1945. a primeira fase caracterizou-se pelas tentativas de solidificação do movimento renovador e pela divulgação de obras e ideias modernistas.

Os escritores de maior destaque dessa fase defendiam estas propostas: reconstrução da cultura brasileira sobre bases nacionais; promoção de uma revisão crítica de nosso passado histórico e de nossas tradições culturais; eliminação definitiva do nosso complexo de colonizados, apegados a valores estrangeiros. Portanto, todas elas estão relacionadas com a visão nacionalista, porém crítica, da realidade brasileira.

Várias obras, grupos, movimentos, revistas e manifestos ganharam o cenário intelectual brasileiro, numa investigação profunda e por vezes radical de novos conteúdos e de novas formas de expressão.

Entre os fatos mais importantes, destacam-se a publicação da revista Klaxon, lançada para dar continuidade ao processo de divulgação das ideias modernistas, e o lançamento de quatro movimentos culturais: o Pau-Brasil, o Verde-Amarelismo, a Antropofagia e a Anta.

Esses movimentos representavam duas tendências ideológicas distintas, duas formas diferentes de expressar o nacionalismo.

O movimento Pau-Brasil defendia a criação de uma poesia primitivista, construída com base na revisão crítica de nosso passado histórico e cultural e na aceitação e valorização das riquezas e contrastes da realidade e da cultura brasileiras.

A Antropofagia, a exemplo dos rituais antropofágicos dos índios brasileiros, nos quais eles devoram seus inimigos para lhes extrair força, Oswald propõe a devoração simbólica da cultura do colonizador europeu, sem com isso perder nossa identidade cultural.

Em oposição a essas tendências, os movimentos Verde-Amarelismo e Anta, defendiam um nacionalismo ufanista, com evidente inclinação para o nazifascismo.

Dentre os muitos escritores que fizeram parte da primeira geração do Modernismo destacamos Oswald de Andrade, Mário de Andrade, Manuel Bandeira, Alcântara Machado, Menotti del Picchia, Raul Bopp, Ronald de Carvalho e Guilherme de Almeida.



Por Marina Cabral
Especialista em Língua Portuguesa e Literatura
Equipe Brasil Escola



Natassia

"Arrufos" românticos
18 de setembro de 2011 by Natassia in Assuntos: , , , , , ,

Arrufos, Belmiro de Almeida (1887)

Este quadro de Belmiro de Almeida é como um folhetim, em que a desavença entre um casal é retratada em todos os seus detalhes, uma espécie de "Aurélia e Seixas emoldurados".
Um pequeno drama de desenrola: uma briga de casal, ou melhor, a cena seguinte a uma discussão e a moça, atirada ao chão, esconde seu rosto, chorando muito. Enquanto ela chora, ele, impassível, permanece sentado na poltrona e comtempla a fumaça de seu charuto. Os detalhes presentes na cena: a rosa, a cama, o quarto.
A cena pintada por Belmiro de Almeida possui contorno definidos, com as figuras desenhadas e as cores harmoniosas com a situação (tons escuros). Assim como em Senhora, de José de Alencar, depois dos arrufos podem aparecer a paz e a reconciliação.


Retirada da apostila Positivo, literatura - 1ª série EM (3º volume)

Natassia

Romantismo
17 de setembro de 2011 by Natassia in Assuntos: , , , , , , , ,

Introdução


O romantismo é todo um período cultural, artístico e literário que se inicia na Europa no final do século XVIII, espalhando-se pelo mundo até o final do século XIX.

O berço do romantismo pode ser considerado três países: Itália, Alemanha e Inglaterra. Porém, na França, o romantismo ganha força como em nenhum outro país e, através dos artistas franceses, os ideais românticos espalham-se pela Europa e pela América.
As características principais deste período são : valorização das emoções, liberdade de criação, amor platônico, temas religiosos, individualismo, nacionalismo e história. Este período foi fortemente influenciado pelos ideais do iluminismo e pela liberdade conquistada na Revolução Francesa.



Artes Plásticas

Nas artes plásticas, o romantismo deixou importantes marcas. Artistas como o espanhol Francisco Goya e o francês Eugène Delacroix são os maiores representantes da pintura desta fase. Estes artistas representavam a natureza, os problemas sociais e urbanos, valorizavam as emoções e os sentimentos em suas obras de arte. Na Alemanha, podemos destacar as obras místicas de Caspar David Friedrich, enquanto na Inglaterra John Constable traçava obras com forte crítica à urbanização e aos problemas gerados pela Revolução Industrial.


Literatura

Foi através da poesia lírica que o romantismo ganhou formato na literatura dos séculos XVIII e XIX. Os poetas românticos usavam e abusavam das metáforas, palavras estrangeiras, frases diretas e comparações. Os principais temas abordados eram : amores platônicos, acontecimentos históricos nacionais, a morte e seus mistérios. As principais obras românticas são: Cantos e Inocência do poeta inglês William Blake, Os Sofrimentos do Jovem Werther e Fausto do alemão Goethe, Baladas Líricas do inglês William Wordsworth e diversas poesias de Lord Byron. Na França, destaca-se Os Miseráveis de Victor Hugo e Os Três Mosqueteiros de Alexandre Dumas.



Música

Na música ocorre a valorização da liberdade de expressão, das emoções e a utilização de todos os recursos da orquestra. Os assuntos de cunho popular, folclórico e nacionalista ganham importância nas músicas.

Podemos destacar como músicos deste período: Ludwig van Beethoven (suas últimas obras são consideradas românticas), Franz Schubert, Carl Maria von Weber, Felix Mendelssohn, Frédéric Chopin, Robert Schumann, Hector Berlioz, Franz Liszt e Richard Wagner.



Teatro

Na dramaturgia o romantismo se manifesta valorizando a religiosidade, o individualismo, o cotidiano, a subjetividade e a obra de William Shakespeare. Os dois dramaturgos mais conhecidos desta época foram Goethe e Friedrich von Schiller. Victor Hugo também merece destaque, pois levou várias inovações ao teatro. Em Portugal, podemos destacar o teatro de Almeida Garrett.



O ROMANTISMO NO BRASIL

Em nossa terra, inicia-se em 1836 com a publicação, na França, da Nictheroy - Revista Brasiliense, por Gonçalves de Magalhães. Neste período, nosso país ainda vivia sob a euforia da Independência do Brasil. Os artistas brasileiros buscaram sua fonte de inspiração na natureza e nas questões sociais e políticas do pais. As obras brasileiras valorizavam o amor sofrido, a religiosidade cristã, a importância de nossa natureza, a formação histórica do nosso pais e o cotidiano popular.



Artes Plásticas

As obras dos pintores brasileiros buscavam valorizar o nacionalismo, retratando fatos históricos importantes. Desta forma, os artistas contribuíam para a formação de uma identidade nacional. As obras principais deste período são : A Batalha do Avaí de Pedro Américo e A Batalha de Guararapes de Victor Meirelles.



Literatura romântica brasileira



Gonçalves Dias - poeta da 1ª geração

No ano de 1836 é publicado no Brasil Suspiros Poéticos e Saudades de Gonçalves de Magalhães. Esse é considerado o ponto de largada deste período na literatura de nosso país. Essa fase literária foi composta de três gerações:

1ª Geração - conhecida também como nacionalista ou indianista, pois os escritores desta fase valorizaram muito os temas nacionais, fatos históricos e a vida do índio, que era apresentado como " bom selvagem" e, portanto, o símbolo cultural do Brasil. Destaca-se nesta fase os seguintes escritores : Gonçalves de Magalhães, Gonçalves Dias, Araújo Porto Alegre e Teixeira e Souza.


2ª Geração - conhecida como Mal do século, Byroniana ou fase ultra-romântica. Os escritores desta época retratavam os temas amorosos levados ao extremo e as poesias são marcadas por um profundo pessimismo, valorização da morte, tristeza e uma visão decadente da vida e da sociedade. Muitos escritores deste período morreram ainda jovens. Podemos destacar os seguintes escritores desta fase : Álvares de Azevedo, Casimiro de Abreu e Junqueira Freire.

3ª Geração - conhecida como geração condoreira, poesia social ou hugoana. textos marcados por crítica social. Castro Alves, o maior representante desta fase, criticou de forma direta a escravidão no poema Navio Negreiro.


Música Romântica no Brasil

A emoção, o amor e a liberdade de viver são os valores retratados nas músicas desta fase. O nacionalismo, nosso folclore e assuntos populares servem de inspiração para os músicos. O Guarani de Carlos Gomes é a obra musical de maior importância desta época.


Teatro

Assim como na música e na literatura os temas do cotidiano, o individualismo, o nacionalismo e a religiosidade também aparecem na dramaturgia brasileira desta época. Em 1838, é encenada a primeira tragédia de Gonçalves de Magalhães: Antônio José, ou o Poeta e a Inquisição. Também podemos destacar a peça O Noviço de Martins Pena.

Castro Alves - poeta da 3ª geração
Texto retirado do site Sua Pesquisa

Natassia

Vou-me embora pra Passárgada
by Natassia in Assuntos: , , , , , ,

Vou-me embora pra Pasárgada
Lá sou amigo do rei
Lá tenho a mulher que eu quero
Na cama que escolherei


 Vou-me embora pra Pasárgada
Vou-me embora pra Pasárgada
Aqui eu não sou feliz
Lá a existência é uma aventura
De tal modo inconseqüente
Que Joana a Louca de Espanha
Rainha e falsa demente
Vem a ser contraparente
Da nora que nunca tive

E como farei ginástica
Andarei de bicicleta
Montarei em burro brabo
Subirei no pau-de-sebo
Tomarei banhos de mar!
E quando estiver cansado
Deito na beira do rio
Mando chamar a mãe-d'água
Pra me contar as histórias
Que no tempo de eu menino
Rosa vinha me contar
Vou-me embora pra Pasárgada

Em Pasárgada tem tudo
É outra civilização
Tem um processo seguro
De impedir a concepção
Tem telefone automático
Tem alcalóide à vontade
Tem prostitutas bonitas
Para a gente namorar

E quando eu estiver mais triste
Mas triste de não ter jeito
Quando de noite me der
Vontade de me matar
— Lá sou amigo do rei —
Terei a mulher que eu quero
Na cama que escolherei
Vou-me embora pra Pasárgada.

Manuel Bandeira

Tarsila do Amaral
1 de setembro de 2011 by Natassia in Assuntos: , , , , , , ,

Nasceu em Capivari, interior de São Paulo, chamada "Terra dos Poetas" em 1886 e faleceu em 1973. Educada por uma professora belga, aos 16 anos foi estudar em Barcelona, Espanha.
Na França, estudou com os melhores artistas na Academia Julian e no ateliê de Émile Renard. Conheceu Pablo Picasso e, com base nesse econtro, adotou leveza no traço, cores menos terrosas. Matizes impressionistas e cubistas. De volta ao Brasil, uniu-se à geração de 1922, meses depois da famosa Semana. Formou, então, o Grupo dos Cinco, ao lado de Anita Malfatti, Menotti del Picchia, Oswald de Andrade e Mário de Andrade e com eles promovia reuniões quase diárias em seu ateliê oara discutir obras e tendências.
Em 1924, em uma viagem a Minas Gerais redescobre-se como pintora: a mistura do clima pastoril com o barroco das cidades históricas influencia sua fase Pau-Brasil. Carlos Drummond de Andrade chama a atenção para seus tons amarelo vivo, rosa violáceo, azul pureza, verde cantante.
Em 1928, seu presente - a tela Abaporu - para o marido Oswald de Andrade deflagou o movimento Antropofágico. O quadro virou uma espécie de símbolo da vanguarda modernista.



Abaporu


Além de Abaporu, Tarsila pintou outras obras representativas do modernismo brasileiro, como Morro da favela, de 1925, Os operários, de 1933.


Morro da favela

Os operários

Antropofagia

Hoje, dia 01 de setembro, Tarsila do Amaral faria 125 anos e foi homenageada no silte Google:


Texto retirado da apostila Positivo - Literatura (2ª série Ensino Médio)

Natassia

Canção do Exílio - Paródias
22 de agosto de 2011 by Natassia in Assuntos: , , , , , ,

O poema Canção do Exílio foi parodiado por vários escritores, vejamos alguns exemplos:

Canção do Exílio Facilitada

Lá?
Ah!

Sabiá...
papá...
maná...
sofá...
sinhá...

Cá?
Bah!

José Paulo Paes


Canto de regresso à pátria

Minha terra tem palmares
Onde gorjeia o mar
Os passarinhos daqui
Não cantam como os de lá

Minha terra tem mais rosas
E quase que mais amores
Minha terra tem mais ouro
Minha terra tem mais terra

Ouro terra amor e rosas
Eu quero tudo de lá
Não permita Deus que eu morra
Sem que volte para lá

Não permita Deus que eu morra
Sem que volte pra São Paulo
Sem que veja a Rua 15
E o progresso de São Paulo

Oswald de Andrade

Nova canção do Exílio

Um sabiá
na palmeira, longe.
Estas aves cantam
um outro canto.

O céu cintila
sobre flores úmidas.
Vozes na mata,
e o maior amor.

Só, na noite,
seria feliz:
um sabiá,
na palmeira, longe.
Onde tudo é belo
e fantástico,
só, na noite,
seria feliz.
(Um sabiá,
na palmeira, longe.)

Ainda um grito de vida e
voltar
para onde tudo é belo
e fantástico:
a palmeira, o sabiá,
o longe.

Carlos Drummond de Andrade


Hino Nacional Brasileiro

DO QUE A TERRA MAIS GARRIDA,
TEUS RISONHOS, LINDOS CAMPOS TÊM MAIS FLORES;
"NOSSOS BOSQUES TEM MAIS VIDA,"
"NOSSA VIDA"
NO TEU SEIO "MAIS AMORES".

Canção do Exílio - Gonçalves Dias (poema)
14 de agosto de 2011 by Natassia in Assuntos: , , , , ,

Minha terra tem palmeiras,
Onde canta o Sabiá;
As aves, que aqui gorjeiam,
Não gorjeiam como lá.

Nosso céu tem mais estrelas,
Nossas várzeas têm mais flores,
Nossos bosques têm mais vida,
Nossa vida mais amores.

Em  cismar, sozinho, à noite,
Mais prazer eu encontro lá;
Minha terra tem palmeiras,
Onde canta o Sabiá.

Minha terra tem primores,
Que tais não encontro eu cá;
Em cismar –sozinho, à noite–
Mais prazer eu encontro lá;
Minha terra tem palmeiras,
Onde canta o Sabiá.

Não permita Deus que eu morra,
Sem que eu volte para lá;
Sem que disfrute os primores
Que não encontro por cá;
Sem qu'inda aviste as palmeiras,
Onde canta o Sabiá.

Canção do Exílio - Gonçalves Dias
by Natassia in Assuntos: , , , ,

Para assistir ao episódio "Canção do Exílio" da série TUDO O QUE É SÓLIDO PODE DERRETER, clique aqui.

Natassia

Funk caipira
17 de julho de 2011 by Natassia in Assuntos: , ,

Semana de Arte Moderna - Vídeos
18 de junho de 2011 by Natassia in Assuntos: , , , , , , , , , , , ,



Vídeo explicando a Semana de Arte Moderna



Representação da Semana de Arte Modernana na minissérie Um Só Coração

Natassia

Semana de Arte Moderna de 22
by Natassia in Assuntos: , , , , , , , , ,

Sacudindo as estruturas da arte tupiniquim


A Semana de Arte Moderna de 22, realizada entre 11 e 18 de fevereiro de 1922 no Teatro Municipal de São Paulo, contou com a participação de escritores, artistas plásticos, arquitetos e músicos.
Seu objetivo era renovar o ambiente artístico e cultural da cidade com "a perfeita demonstração do que há em nosso meio em escultura, arquitetura, música e literatura sob o ponto de vista rigorosamente atual", como informava o Correio Paulistano a 29 de janeiro de 1922.
A produção de uma arte brasileira, afinada com as tendências vanguardistas da Europa, sem contudo perder o caráter nacional, era uma das grandes aspirações que a Semana tinha em divulgar.


Um dos cartazes da «Semana», satirizando os
grandes nomes da música, da literatura e da pintura


Independência e sorte


Esse era o ano em que o país comemorava o primeiro centenário da Independência e os jovens modernistas pretendiam redescobrir o Brasil, libertando-o das amarras que o prendiam aos padrões estrangeiros.
Seria, então, um movimento pela independência artística do Brasil.
Os jovens modernistas da Semana negavam, antes de mais nada, o academicismo nas artes. A essa altura, estavam já influenciados esteticamente por tendências e movimentos como o Cubismo, o Expressionismo e diversas ramificações pós-impressionistas.
Até aí, nenhuma novidade nem renovação. Mas, partindo desse ponto, pretendiam utilizar tais modelos europeus, de forma consciente, para uma renovação da arte nacional, preocupados em realizar uma arte nitidamente brasileira, sem complexos de inferioridade em relação à arte produzida na Europa.



Um grupo importante de renovadores

De acordo com o catálogo da mostra, participavam da Semana os seguintes artistas: Anita Malfatti, Di Cavalcanti, Zina Aita, Vicente do Rego Monteiro, Ferrignac (Inácio da Costa Ferreira), Yan de Almeida Prado, John Graz, Alberto Martins Ribeiro e Oswaldo Goeldi, com pinturas e desenhos;
Marcavam presença, ainda, Victor Brecheret, Hildegardo Leão Velloso e Wilhelm Haarberg, com esculturas; Antonio Garcia Moya e Georg Przyrembel, com projetos de arquitetura.
Além disso, havia escritores como Mário de Andrade, Oswald de Andrade, Menotti del Picchia, Sérgio Milliet, Plínio Salgado, Ronald de Carvalho, Álvaro Moreira, Renato de Almeida, Ribeiro Couto e Guilherme de Almeida.
Na música, estiveram presentes nomes consagrados, como Villa-Lobos, Guiomar Novais, Ernâni Braga e Frutuoso


Da esquerda para a direita: Brecheret, Di Cavalcanti, Menotti del Picchia,
Oswald de Andrade e Helios Seelinger



Anita Malfatti, Tarsila do Amaral e Oswald de Andrade.
Por ocasião da «Semana», Tarsila se achava em París e,
por esse motivo, não participou do evento


Uma cidade na medida certa para o evento


São Paulo dos anos 20 era a cidade que melhor apresentava condições para a realização de tal evento. Tratava-se de uma próspera cidade, que recebia grande número de imigrantes europeus e modernizava-se rapidamente, com a implantação de indústrias e reurbanização.
Era, enfim, uma cidade favorável a ser transformada num centro cultural da época, abrigando vários jovens artistas.
Ao contrário, o Rio de Janeiro, outro polo artístico, se achava impregnado pelas idéias da Escola Nacional de Belas-Artes, que, por muitos anos ainda, defenderia, com unhas e dentes, o academicismo.
Claro que existiam no Rio artistas dispostos a renovar, mas o ambiente não lhes era propício, sendo-lhes mais fácil aderir a um movimento que partisse da capital paulista.


Os primórdios da arte moderna no Brasil


Em 1913, estivera no Brasil, vindo da Alemanha, o pintor Lasar Segall. Realizou uma exposição em São Paulo e outra em Campinas, ambas recebidas com uma fria polidez. Desanimado, Segall seguiu de volta à Alemanha, só retornando ao Brasil dez anos depois, quando os ventos sopravam mais a favor.
A exposição de Anita Malfatti em 1917, recém chegada dos Estados Unidos e da Europa, foi outro marco para o Modernismo brasileiro.
Todavia, as obras da pintora, então afinadas com as tendências vanguardistas do exterior, chocaram grande parte do público, causando violentas reações da crítica conservadora.
A exposição, entretanto, marcou o início de uma luta, reunindo ao redor dela jovens despertos para uma necessidade de renovação da arte brasileira.
Além disso, traços dos ideais que a Semana propunha já podiam ser notados em trabalhos de artistas que dela participaram (além de outros que foram excluídos do evento).
Desde a exposição de Malfatti, havia dado tempo para que os artistas de pensamentos semelhantes se agrupassem.
Em 1920, por exemplo, Oswald de Andrade já falava de amplas manifestações de ruptura, com debates abertos.



Capa de Di Cavalcanti para o Catálogo da Exposição

Revolução em marcha


Entretanto, parece ter cabido a Di Cavalcanti a sugestão de "uma semana de escândalos literários e artísticos, de meter os estribos na barriga da burguesiazinha paulistana."
Artistas e intelectuais de São Paulo, com Di Cavalcanti, e do Rio de Janeiro, tendo Graça Aranha à frente, organizavam a Semana, prevista para se realizar em fevereiro de 1922.
Uma exposição de artes plásticas - organizada por Di Cavalcanti e Rubens Borba de Morais, com a colaboração de Ronald de Carvalho, no Rio - acompanharia as demais atividades previstas.
Graça Aranha, sob aplausos e vaias abriu o evento, com sua conferência inaugural "A Emoção Estética na Arte Moderna".
Anunciava "coleções de disparates" como "aquele Gênio supliciado, aquele homem amarelo, aquele carnaval alucinante, aquela paisagem invertida" (temas da exposição plástica da semana), além de "uma poesia liberta, uma música extravagante, mas transcendente" que iriam "revoltar aqueles que reagem movidos pelas forças do Passado."
Em 1922, o escritor Graça Aranha (1868-1931) aderiu abertamente à Semana da Arte Moderna, criando uma cisão na quase monolítica Academia Brasileira de Letras e gerando nela uma polêmica como há muito tempo não se via.
Dois grupos de imortais se engalfinhavam, um deles liderado por Graça Aranha, que pretendia romper com o passado. O outro, mais sedimentado na velha estrutura, tinha como seu líder o escritor Coelho Neto (1864-1934). Os dois nordestinos, os dois maranhenses, os dois com uma força tremenda junto a seus pares. Eram conterrâneos ilustres, que agora não se entendiam, e que pretendiam levar suas posições até as últimas conseqüências.
Então, numa histórica sessão da Academia, no ano de 1924, deu-se o confronto fatal. Após discursos inflamados e uma discussão áspera entre ambos, diante de uma platéia numerosa, um grupo de jovens carregou Coelho Neto nas costas, enquanto outro grupo fazia o mesmo com Graça Aranha. (Paulo Victorino, em "Cícero Dias")
Mário de Andrade, com suas conferências, leituras de poemas e publicações em jornais foi uma das personalidades mais ativas da Semana.
Oswald de Andrade talvez fosse um dos artistas que melhor representavam o clima de ruptura que o evento procurava criar.
Manuel Bandeira, mesmo distante, provocou inúmeras reações de agrado e de ódio devido a seu poema "Os Sapos", que fazia uma sátira do Parnasianismo, poema esse que foi lido durante o evento.


A imprensa, controlada, ignorou o "escândalo"


Entretanto, acredita-se que a Semana de Arte Moderna não tenha tido originalmente o alcance e amplitude que posteriormente foram atribuídos ao evento.
A exposição de arte, por exemplo, parece não ter sido coberta pela imprensa da época. Somente teve nota publicada por participantes da Semana que trabalhavam em jornais como Mário de Andrade, Menotti del Picchia e Graça Aranha (justamente os três conferencistas, cujas idéias causaram grande alarde na imprensa).
Yan de Almeida Prado, em 72, chegou mesmo a declarar que" a Semana de Arte Moderna pouca ou nenhuma ação desenvolveu no mundo das artes e da literatura", atribuindo a fama dos sete dias aos esforços de Mário e Oswald de Andrade.



Bem intencionados, mas ainda confusos


Além disso, discute-se o "modernismo" das obras de artes plásticas, por exemplo, que apresentavam várias tendências distintas e talvez não tivessem tantos elementos de ruptura quanto seus autores e os idealizadores da Semana pretendiam.
Houve ainda bastante confusão estilística e estrangeirismos contrários aos ideais da amostra, como demonstram títulos como "Sapho", de Brecheret, "Café Turco", de Di Cavalcanti, "Natureza Dadaísta", de Ferrignac, "Impressão Divisionista", de Malfatti ou "Cubismo" de Vicente do Rego Monteiro.



A dispersão


Logo após a realização da Semana, alguns artistas fundamentais que dela participaram acabam voltando para a Europa (ou indo lá pela primeira vez, no caso de Di Cavalcanti), dificultando a continuidade do processo que se iniciara.
Por outro lado, outros artistas igualmente importantes chegavam após estudos no continente, como Tarsila do Amaral, um dos grandes pilares do Modernismo Brasileiro.
Não resta dúvida, porem, que a Semana integrou grandes personalidades da cultura na época e pode ser considerada importante marco do Modernismo Brasileiro, com sua intenção nitidamente anti-acadêmica e introdução do país nas questões do século.
A própria tentativa de estabelecer uma arte brasileira, livre da mera repetição de fórmulas européias foi de extrema importância para a cultura nacional e a iniciativa da Semana, uma das pioneiras nesse sentido.




Teatro Municipal de São Paulo nos anos 20 - Palco da Semana

 
Fonte: Pitoresco
 
Natassia