Poemas de Drummond
6 de março de 2012 by Natassia in Assuntos: , , , , , , ,


"Gastei uma hora pensando um verso
que a pena não quer escrever.
No entanto ele está cá dentro
inquieto, vivo.
Ele está cá dentro
e não quer sair.
Mas a poesia deste momento
inunda minha vida inteira."


As sem razões do amor

Eu te amo porque te amo.
Não precisa ser amante,
e nem sempre sabes sê-lo
Eu te amo porque te amo.
Amor é estado de graça
e com amor não se paga.

 Amor é dado de graça,
é semeado no vento,
na cachoeira, no eclipse>
Amor foge a dicionários
e a regulamentos vários.

Eu te amo porque não amo
bastante ou demais a mim.
Porque amor não se troca,
não se conjuga nem se ama.
Porque amor é amor a nada,
feliz e forte em si mesmo.

Amor é primo da morte,
e da morte vencedor,
por mais que o matem (e matam)
a cada instante de amor.


Lira Romantiquinha

Por que me trancas
o rosto e o sorriso
e assim me arrancas
do paraíso?

por que não queres
deixando o alarme
(ai, Deus: mulheres)
acarinha-me?

Por que cultivas
as sem-perfumes
e agressivas
flores do ciúme?

Acaso ignoras
que te amo tanto,
todas as horas,
já nem sei quanto?

Visto que em suma
é todo teu,
de mais nenhuma
o peito meu?
Anjo sem fé
nas minhas juras
porque é que é
que me angusturas?

Minh’alma chove
frio e tristinho
não te comove
este versinho?

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